Alice no Pais das Maravilhas é uma história fantástica e um clássico da literatura infantil, nos cinemas uma versão atualizada que ainda não tive oportunidade de assistir. É um conto que no decorrer da história é possível encontrar referências simbólicas que remetem ao universo psíquico. No site da revista cérebro e mente encontrei um artigo que compartilho com vocês.
A história, que começa com uma meninha que cai em um buraco, acena para um ritual, para a entrada em uma outra dimensão. O autor busca referências no mundo dos sonhos para deixar vir à tona a insanidade dos personagens. A todo momento, a protagonista (e também o leitor) se confronta com uma lógica muito particular, como a do inconsciente, na qual a razão é tomada, invadida e superada. Nesse sentido, há um trecho especialmente curioso: – Mas eu não quero ir para o meio de gente maluca – observou Alice. – Ah, não adianta nada você querer ou não – disse o Gato. – Nós somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca. – E como é que você sabe que eu sou louca? – Bem, deve ser – disse o Gato – ou então você não teria vindo parar aqui. No mundo povoado por criaturas inusitadas, a gama de esquisitices (e possíveis patologias) é vasta. A Rainha apresenta um quadro de narcisismo exacerbado, ausência de compaixão e de empatia, além de tendência a comportamento violento. A Lebre e o Chapeleiro, por exemplo, parecem viver um uma loucura compartilhada (folie à deux): têm vínculo emocional forte e comungam crenças delirantes, principalmente em relação ao tempo (ambos crêm que são sempre 6 horas). A Duquesa é claramente incapaz de acolher um bebê: sacode o descontroladamente e recomenda que as crianças apanhem por espirrar, pois “obviamente” fazem isso para irritar os adultos. O Coelho Branco tem indícios de euforia e transtorno de ansiedade. O Albatroz sofre de narcolepsia. A centopeia é dependente de alucinógenos. O título inicial dado à aventura inventada por Charles Lutwidge Dogson (verdadeiro nome do autor) – e oferecida de presente de Natal à pequena Alice (essa sim, uma garotinha de verdade) – era “As aventuras de Alice debaixo da terra”. Ao ser publicado pela primeira vez, em 1865, porém, o texto recebeu o título pelo qual o conhecemos hoje. Dois anos depois, Carroll escreveu Através do espelho e o que Alice encontrou lá, que também faz alusão ao mundo onírico. |
Fonte: revista cérebro e mente
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