terça-feira, 5 de outubro de 2010

Hiperativdade



LONDRES - O transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma doença genética, segundo estudo realizado por cientistas britânicos e publicado na última edição da revista médica The Lancet.

Os pesquisadores do Centro de Neuropsiquiatria Genética e do Departamento de Neurologia e Medicina Psicológica da Universidade de Cardiff, no País de Gales, dizem que o TDAH é um transtorno de desenvolvimento cerebral após analisar 366 crianças com o problema e 1.047 sem.

Os portadores do distúrbio são inquietos, impulsivos e distraídos, enumeram os especialistas, que estimam que uma em cada 50 crianças tenha TDAH. Durante anos, considerou-se que o problema estava na falta de disciplina dada pelos pais ou no consumo de açúcar, apesar de existirem vários fatores que sugerem que ele pode ter um componente genético.

Segundo o levantamento, uma criança que tem um dos pais com TDAH é mais propensa a sofrer dessa condição do que outra cujos pais são saudáveis. O transtorno de deficit de atenção e hiperatividade não tem cura, mas os sintomas podem ser tratados com medicamentos e terapias para melhorar o comportamento.

Os pesquisadores descobriram que crianças com TDAH têm segmentos duplicados de DNA em comparação com aquelas sem hiperatividade. "Esperamos que esses resultados ajudem a superar o estigma associado ao distúrbio", diz Anita Thapar, principal autora do estudo. Ela recorda que muitas vezes as pessoas atribuem o TDAH à indisciplina por parte dos pais ou a uma dieta pobre.

"Como médica clínica, estava claro para mim que esse não era o caso. Agora podemos dizer que o TDAH é uma doença genética e que o cérebro de crianças com esse transtorno se desenvolve de forma diferente do das outras", completou.

Outra pesquisadora, Kate Langley, afirma que "o TDAH não é causado por uma única alteração genética, mas por uma série de mudanças no DNA que interagem com fatores ambientais ainda não identificados".

Segundo a equipe de especialistas, as descobertas devem ajudar a esclarecer mal entendidos sobre a hiperatividade. "A genética nos permite contar com uma janela da biologia cerebral. No futuro, essas conclusões ajudarão a decifrar a base biológica do TDAH e, por sua vez, a desenvolver tratamentos novos e mais eficazes", conclui Anita.

Concordo com tudo que a especialista cita acima, no entanto há de se deixar claro que o distúrbio é facilmente confundido com faltas que existem nas relações, tanto entre o pai, quanto com relação a mãe, e isso envolve desde as falta de limites/disciplina à um vinculo mal estabelecido com os referencias de segurança, de afeto, de proteção. É óbvio para quem trabalha com desenvolvimento infantil que o distúrbio está associado à FALTAS nas relações familiares sim, tanto é que o trabalho desenvolvido com a Psicomotricidade Relacional surte um resultado claramente constatado nesse grupo de crianças. No entanto, há um outro grupo de crianças, no qual percebemos não só uma hiperatividade, mas também outros aspectos co-relacionados como distúrbio na linguagem, na motricidade, que também nos deixa claro que existe algo mais nessas crianças. Ótimos descobrirmos relação cerebral com o transtorno, desculpabilizando os pais de provocar nos filhos problemas aos quais não conseguem resolver, no entanto, precisamos tomar cuidado com a força dos laboratórios na publicidade dessa informação como forma de vender justamente para os pais que não conseguem lidar com as faltas dos filhos e termos aí muitas crianças diagnosticadas de forma equivocada, dependentes de uma medicação que não suprirá nunca as FALTAS vividas no corpo e no psiquismo delas.

Ana Katarina Gurgel - fonte: Estadão


Nenhum comentário:

Postar um comentário