domingo, 4 de julho de 2010

Irmão: um bem necessário

A chegada de um bebê costuma criar expectativas e ser motivo de alegria e conflitos, principalmente para as crianças mais velhas pois sentem-se ameaçadas pela presença do recém-nascido. A disputa pelo olhar ou colo da mãe é o ponto primordial dessa questão, a criança até então acostumada a ser o centro das atenções vai ter que aprender a compartilhar espaços e a novamente encontrar o seu lugar dentro dessa nova constituição familiar. O processo de assimilação desta nova situação é doloroso, mas imprescindível para o desenvolvimento emocional do ser humano, apesar de querermos proteger nossos amados da dor, costumo dizer que a chegada de um novo irmãozinho é “ um mal necessário”, pois ajuda a criança a perceber o mundo como ele é.

A rivalidade entre irmãos é um fenômeno previsível e normal do desenvolvimento infantil. Quando nasce um bebê na família, a criança mais velha percebe que algo ameaça a sua relação com os pais, no entanto, estes não conseguem perceber esse sentimento e se afligem com os comportamentos demandados pela criança para demonstrar seu desconforto com a situação.

O surgimento de comportamentos que refletem esta rivalidade devem ser vistos com naturalidade. Reações ambivalentes para com o bebê, (afeição X agressão) são comuns e esperados, já a ausência destes comportamentos deverá sim preocupar os pais de que a criança mais velha esteja se sentindo tão ameaçada e reprimida pela família que não ousa 'se defender'.

Há várias formas de expressar esta ameaça: Agressividade dirigida geralmente contra a mãe, contra o bebê, o pai, si mesmo, ou contra outras crianças ou brinquedos. È comum também transgredir as regras da casa ocorrendo quando os pais estão se ocupando com o bebê, essa estratégia é utilizada no intuito de fazer com que ela sinta que tem o controle da situação e dos outros a sua volta. Há também uma forma camuflada que merece atenção, é o caso da criança que se torna muito boazinha e cuidadosa com o bebê, utilizando essa estratégia para assegurar um lugar na família, o de cuidadora!!. A regressão (voltar a fazer xixi na cama, chupar chupeta, etc) e a dependência (manha). São também formas de se assegurar do lugar de filho dentro dessa estrutura familiar.

Todos esses sintomas tendem a diminuir mas não a desaparecer durante o primeiro ano. Durante esse período a criança se reassegura do seu papel na família e passa a estabelecer uma relação própria com o bebê. Mas geralmente a criança desenvolve no final deste período de adaptação capacidade de ser perceber como ser atuante dessa constelação familiar e encontra novas formas de lidar com o mundo a sua volta, se isso não acontece, e interessante buscar ajuda profissional.

Sugestões Gerais:

  • Não se assuste com as alterações comportamentais de seu filho, leva tempo para uma família se organizar após o nascimento de um bebê, as manifestações mais diversas com esse nascimento é normal e esperada.
  • Privilegie um tempo específico para ficar com a criança mais velha, sempre no mesmo horário. Isso a ajuda sentir-se mais segura.
  • Converse na frente da criança sobre as necessidades do bebê. Peça sugestões a ela. Faça com que ele se sinta integrado a essa nova sitação, sem forçá-la a isso.
  • Planeje atividades para a criança durante o horário do banho e da alimentação do bebê, assim ela não se sente deslocada nem precisa chamar atenção sobre si.
  • Não force o compartilhar de brinquedos. Já é difícil demais dividir as atenções com o irmaõzinho. Não faça com que ela sinta culpa por agarrar-se ao que é seu.
  • Tente manter a vida da criança o mais estável possível nos 3 últimos meses de gravidez e nos primeiros 3 meses após o nascimento do bebê. Não mude seu quarto, cama, escola, seus hábitos (no que for possível). Se você pretende tirar a fralda faça-o depois deste período. O objetivo é tornar a vida de sua criança mais fácil e previsível.
  • Dê brinquedos que permitam o extravasamento de sua agressividade.
  • Não permita que a criança machuque o bebê, mas também não o culpabilize, mostre que dói e que você irá protege-lo,como o protegeu um dia.
  • Seja muito tolerante com os comportamentos regressivos. Ela precisa reviver estas fases para poder superá-las. Não se preocupe pois são temporários.
  • Lembre-se que a criança não faz isso para lhe irritar. Ela não tem culpa nem responsabilidade neste aspecto. Encare com naturalidade e não se ressinta.
  • Encontre um tempo especial para o casal (uma noite a cada 15 dias). Isso não é fácil quando se está tão sobrecarregado, mas é importante pois traz uma força extra para a família. Neste tempo especial procurem não falar dos problemas da casa e das crianças mas curtir um pouco um ao outro. Os dois se sentirão mais felizes e isso refletirá na vida da casa.

Fonte: Experiência de mãe e profissional do desenvolvimento infantil

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