segunda-feira, 12 de julho de 2010

ÚLTIMA JOGADA

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Digno de um filme de terror, o assunto da semana foi sem dúvida o caso Bruno, goleiro do flamengo, suspeito de ser mandante do assassinato da sua amante Eliza. Como psicóloga sempre tem alguém que pede minha opinião sobre o caso, respondo-lhe que é complicado falar sem conhecimento de causa e traçar perfis de um ou de outro com base apenas no que a mídia fala, mas dois pontos não podemos desconsiderar em torno dessa história, que ambos foram abandonados pelos seus referenciais de segurança e afeto deixando marcas profundas na forma e no trato com o mundo ao seu redor e claro, há nessa história uma disputa/jogo de poderes.

Eliza parece-me que era uma menina pobre, abandonada pela mãe ainda na infância, sem modelo, sem referencial de mulher integrado, buscava o tempo todo agregar valor a si mesma, saindo com jogadores famosos ou utilizando a sua sexualidade como produto ou um pseudo-poder; Quando esse produto gerou um fruto, um filho, Eliza agregou a esse filho e portanto a si um poder que antes não tinha, alimentando assim seu ego (eu posso), banalizando o perigo tantas vezes alertado.

Bruno também foi um garoto pobre e abandonado pela mãe, objeto de amor e desejo de todo menino. As relações que tinha com as mulheres podem atestar as “sequelas” desse abandono. O poder, Bruno já tinha conquistado. O ego sempre inflado por todos que estavam a sua volta o fez acreditar na sua própria ideação de que tudo poderia fazer e nada lhe acontecer.

A onipotência cega... cegou Eliza e Bruno, ambos sabiam que corriam riscos, mas pensaram que nada lhes aconteceriam. Resolveram jogar com o poder que julgavam ter, desconsideraram um ao outro e disputaram jogo perigoso, sem regras, sem juízes, sem segundo tempo, sem ganhadores.

Faltou em ambos a estrutura de uma família que mostra os limites básicos da formação do indivíduo, o lidar com as frustrações de forma positiva; faltou o amor de mãe que acolhe e faz o individuo sentir-se inteiro na sua existência, na sua potencialidade, tendo integrado que o verdadeiro poder está em aceitar que o outro também tem o seu poder.

Postado por Ana Katarina Gurgel

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